Biologia dos Carrapatos
Todas as espécies necessitam obrigatoriamente do sangue de vertebrados e possuem significativo grau de especificidade podendo utilizar hospedeiros alternativos, incluindo o homem. A especificidade no parasitismo é influenciada por uma série de fatores, tais como, o comportamento do carrapato durante a busca pelo hospedeiro (por exemplo, a altura da vegetação em que os carrapatos ficam à espera de um hospedeiro); a resposta a fatores estimulantes específicos de um determinado hospedeiro, como odor e concentração de CO2 resultante da respiração; propriedades da saliva do carrapato, que neutralizam as reações de homeostasia (equilíbrio do organismo) do hospedeiro; eficiência dos mecanismos de defesa contra as infestações por carrapatos, tais como: barreiras físicas no corpo, comportamento de auto-limpeza, e reações imunológicas; além de temperatura, fotoperíodo e umidade, que também influenciam as fases do ciclo biológico.
O ciclo de vida de argasídeos compreende: ovo embrionado e três estágios ativos (larva, dois ou mais instares ninfais e adultos). Para cada estágio imaturo, ocorre uma refeição, antes de cada ecdise (troca do exoesqueleto), porém, em algumas espécies, as ninfas podem mudar do primeiro para o segundo instar sem alimentação, ou ainda, pode haver dois repastos sanguíneos antes da muda. Os adultos, no entanto, alimentam-se múltiplas vezes, geralmente antes das cópulas e oviposições. Na maioria das espécies, ninfas e adultos alimentam-se rapidamente (cerca de 30 a 40 minutos) enquanto as larvas permanecem fixas ao hospedeiro de 7 a 10 dias.
O acasalamento se dá fora do hospedeiro, sendo que a fêmea ovipõe algumas centenas de ovos após cada repasto sanguíneo, em cada ciclo gonotrófico (ciclo completo de desenvolvimento ovárico da fêmea do carrapato). Trata-se de estratégia de sobrevivência, especialmente para as espécies nidícolas (os filhotes saem do ovo sem estar completamente desenvolvidos) que dependem da presença, nem sempre freqüente, de seus hospedeiros. Exceções ocorrem, por exemplo, nos gêneros Antricola e Otobius, que na fase adulta, possuem peças bucais não funcionais e, portanto, a fêmea ovipõe sem alimentação (autogenia obrigatória).
O ciclo biológico dos Ixodidae compreende ovo embrionado e três estágios ativos (larva, ninfa e adulto). Cada um dos estágios ativos faz um repasto sanguíneo antes de mudar para o estágio seguinte. Com a maioria dos carrapatos caindo no solo após cada alimentação. Alguns utilizam dois hospedeiros, abandonando o primeiro somente como ninfa ingurgitada (repleta de sangue). Outros se alimentam em um único hospedeiro, onde se realizam todas as mudas, caindo no solo somente para oviposição. O desprendimento ocorre a intervalos definidos (ritmos). Com exceção das poucas espécies partenogenéticas, a maioria dos carrapatos copula sobre o hospedeiro, já outros, copulam sobre e fora deste (algumas espécies de Ixodes). Após completar a alimentação, a fêmea se desprende do hospedeiro para iniciar a oviposição de milhares de ovos, no solo sob a vegetação, em buracos, cavernas, ou ainda, em ocos de árvores.
As condições climáticas e a latitude representam os principais fatores reguladores do ciclo biológicos dos carrapatos. Neste cenário, a temperatura exerce um papel dominante, regulando a duração de cada fase de desenvolvimento passada fora do hospedeiro (oviposição, incubação dos ovos e ecdises). A latitude retratada pelo fotoperíodo exerce influência direta na indução de diapausa, modulando os ciclos em ritmos sazonais que asseguram aos carrapatos a sincronização de suas atividades com as condições climáticas apropriadas.